RIO – Nesta quarta-feira, menos de dois dias após a morte do mito americano dos quadrinhos Stan Lee, será inaugurada em São Paulo a maior retrospectiva do universo das HQs já feita no Brasil. “Quadrinhos”, que fica no Museu da Imagem e do Som até o próximo dia 31 de março, se propõe a fazer uma viagem, ao longo de seus cerca de 600 itens, pela história dessa forma de contar histórias, tanto no Brasil como no mundo. Um projeto que o curador Ivan Freitas da Costa define como “ambicioso”, mas necessário “para colocar todo mundo na mesma página”.
— Escolhemos um recorte bastante amplo, faltava uma exposição com esse escopo já que muita coisa foi se perdendo ao longo do tempo — diz Ivan, informando que a maior mostra do gênero feita até então no Brasil foi a Primeira Exposição Internacional de Histórias em Quadrinhos, montada em 1951 pelos jovens Álvaro de Moya, Jayme Cortez, Syllas Roberg, Reinaldo de Oliveira e Miguel Penteado. — Tentamos seguir, na nossa exposição, um ponto de vista brasileiro sobre os quadrinhos, privilegiando o que foi influente no país, afinal muitas coisas lá de fora não chegaram até aqui.
Segundo Ivan, “Quadrinhos” se sustenta em três pilares. Um é o acervo, metade dele fornecido pelo próprio curador (que também é um dos fundadores da Comic Con Experience, a maior convenção de cultura pop do Brasil) e por outros colecionadores como o designer Ricardo Leite e artistas como Angeli, Laerte e Ziraldo. Ele próprio um quadrinista, Ricardo emprestou para a exposição parte de seu acervo de desenhos originais de artistas como Hal Foster (Principe Valente), Bob Kane (Batman) e Joe Shuster (Super Homem).
Os outros pilares de “Quadrinhos” são os textos (feitos por especialistas como o jornalista Franco de Rosa, e que serão reproduzidos no catálogo de “Quadrinhos”) e a cenografia das salas, que ficou a cargo é do escritório Caselúdico, parceiro do MIS em mostras anteriores como “O mundo de Tim Burton” (2016) e “Castelo Rá-Tim-Bum – A exposição” (2014).
Entre as várias salas da exposição, a que mais burburinho deve causar é aquela dedicada às HQs eróticas, instalada num dos banheiro masculinos e restrita para maiores de 18 anos de idade. Lá, estarão obras do italiano Milo Manara, a Valentina (do também italiano Guido Crepax), a Druuna (de outro italiano, Paolo Eleuteri Serpieri) e os “catecismos” de Carlos Zéfiro (originais e repreduções para o público folhear). Pela tela da TV, o público poderá ouvir conselhos da Rê Bordosa, a bêbada ninfomaníaca criada por Angeli.
“Quadrinhos”
Quando: A partir de quarta-feira, dia 14. De terças a sábados, das 10h às 20h (com permanência até às 22h); domingos e feriados, das 9h às 18h (com permanência até às 20h). Até 31 de março de 2019.
Onde: Museu da Imagem e do Som (MIS) — Avenida Europa, 158, Jardim Europa, São Paulo| (011 2117-4777).
Quanto: R$ 14 (inteira) e R$ 7 (meia) na Recepção do MIS (somente para o dia da visita). Às terças-feiras, a entrada gratuita. Menores de 5 anos não pagam.